Há alguns anos atrás, quando eu ainda era menina e brincava o jogo da verdade, eu ouvi uma garota que já namorava há um tempo, e ela dizia: "a melhor parte do namoro, aconteceu quando ainda não namorávamos." Essa frase me veio a cabeça nessa semana, enquanto eu pensava sobre o amor e a amizade, e principalmente sobre intimidade.
A moça quando disse essa frase se referia ao flerte. Aquela paquerinha, jogo de olhares, quase beijos, abraços demorados que se soltam apenas deixando saudade. O andar de mãos dadas e fingir que nada acontece, a amizade colorida, na qual ainda não aconteceu o beijo. Simplificando, o momento da conquista.
O flerte começa no olhar, enquanto ainda não se sabe quais são as reais chances de algo acontecer ou não. As vezes ele dura uma noite, outras vezes anos. Até o momento em que finalmente o beijo acontece. Mas mesmo assim, ainda existe a fase pós-conquista. Aqueles três primeiros meses mágicos, que fazem qualquer um acreditar que encontrou o amor da sua vida. Nos quais, só existem flores. Ambos fazem de tudo para agradar o outro. É o momento das descobertas, em que as características ruins costumam ser deixadas de lado e o objetivo é a troca. Depois isso vai sendo deixado de lado. A gente acostuma com tudo, inclusive em termos aquela pessoa ao lado independente se o que oferecemos a ela é pouco ou é grande.
Assim criam-se casais infelizes. Ele a trata mal em público, não me refiro ao físico, mas a falta de importancia que o rapaz dá a moça. Ela se cansa, e começa a desdenhá-lo também, cada dia está mais magoada. Porém, tenho a impressão de que a mulher na busca de sustentar uma relação tem uma tendencia maior a dar tudo de si até se anular.
Os dois continuam juntos, não se sabe se por causa do sexo, dos momentos bons (cada semana mais raros), se por costume ou uma mistura de tudo isso e qualquer outro ingrediente. Não existe mais necessidade da conquista. Até porque um já é escravo do outro. Provavelmente um dos dois um pouco mais. Mas onde essa história começou? O flerter acabou antes ou depois disso?
Eu acredito que o flerte acaba antes, quando começamos a pensar que a pessoa sempre estará lá (escravizada ou não). O retorno dos afetos diminui. Os olhares, flores, jantares romanticos, cartas bonitas ou apenas a preocupação com o prazer do outro (e não só sexual, apesar de que esse também vai pro ralo...) se extingue.
A solução então seria não passarmos mais de um ano com uma mesma pessoa? Não, a solução é parar de pensar (e parar de verdade) que só porque agora existe intimidade, não vai mais existir flerte, a solução é deixar de achar que o outro sempre estará ali. Porque o outro ainda pode continuar com você independente de você fazê-lo feliz, mas não existe amor na escravidão e na acomodação. Por isso, parte da solução está no flerte. Em renovar o amor com a mesma pessoa de três em três meses e não perder a chama dos três primeiros meses, nos quais tudo é perfeito.
(deixando claro, esse post não reflete questões pessoais, ele surgiu de uma observação quanto a outros casais e de conversas com minha melhor amiga.)
domingo, 5 de agosto de 2007
O flerte
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